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2017-10-10

Vida e Saúde

Os (muitos) problemas do IMC.

O IMC é um índice calculado pela seguinte equação: peso(kg)/altura(m2). Ele é muitíssimo usado tanto em pesquisas científicas como na prática clínica para determinar se uma pessoa tem peso corporal baixo (IMC<18,5), normal (IMC entre 18,5 e 25), sobrepeso (IMC entre 25 e 29) ou obesidade (IMC>30). Não raramente, o valor do IMC é usado por muitos para determinar o chamado “peso corporal ideal” ou “peso saudável”. Mas será que esta é uma medida acurada para este fim?


O IMC é um índice simples e de baixíssimo custo que se propõe a estimar o status de peso e gordural corporal de uma pessoa. Isso, pois, o peso corporal está geralmente associado à quantidade de gordura corporal de um indivíduo. Este status, diferentemente do que muitos imaginam, não deve ser encarado como um parâmetro estético, mas sim como um preditor do risco de desenvolvimento de doenças.



De fato, estudos populacionais indicam que pessoas com IMC < 18,5 kg/m2 apresentam maior risco de desenvolvimento de doenças infecciosas. Provavelmente, isso decorre do fato de que pessoas com muito baixo peso e, portanto, baixa quantidade de gordura corporal, estão mais predispostas ao desenvolvimento dessas doenças. Do outro lado do espectro, pessoas com IMC > 30 Kg/m2 apresentam maior risco de desenvolvimento das chamadas doenças crônicas, como o diabetes, doenças cardiovasculares, etc. Isso, pois, o excesso de peso e, portanto, de gordura corporal, está associado ao aumento do risco de desenvolvimento dessas doenças, pelo menos na população adulta.  



Contudo, embora o IMC seja ainda uma ótima ferramenta para estudos populacionais, ele deve ser utilizado com MUITA cautela na prática clínica. Vejam que eu disse anteriormente que o peso corporal está geralmente associado à quantidade de gordura corporal de um indivíduo. Geralmente.



Dentro os muitos problemas na utilização do IMC como um preditor do risco de desenvolvimento de doenças, há dois especialmente importantes:



1. Incapacidade de diferenciar massa gorda de massa magra



Percebam na foto “1” que dois sujeitos podem ter o mesmo IMC, mas quantidades muito diferentes de gordura corporal. Isso significa que o risco de desenvolvimento de doenças para estes dois sujeitos é totalmente diferente, apesar do mesmo elevado IMC. Logo, para uma pessoa que treina musculação todos os dias, o IMC não necessariamente reflete a quantidade de gordura corporal, mas sim, de massa muscular. Para ela, o IMC elevado provavelmente não implica em maior risco. 



1. Incapacidade de avaliar a distribuição de gordura corporal



Em post anterior, a Profa. Desire falou sobre as (grandes) diferenças metabólicas entre os depósitos de gordura que ficam na coxa e no quadril e os depósitos de gordura abdominal. Uma vez que a gordura abdominal, principalmente a gordura visceral (aquela que fica entre os órgãos), é mais metabolicamente ativa, ela está associada ao maior risco de desenvolvimento de doenças crônicas. Por outro lado, a gordura da coxa e dos quadris, por ser menos metabolicamente ativa, tem característica protetora contra essas doenças.  Observem a foto “2”. A mulher no “formato pera” apresenta baixo risco, pois sua gordura está predominantemente localizada na região gluteofemoral. Já aquela no “formato maçã”, apresenta risco substancialmente maior, pois sua gordura está predominantemente localizada na região abdominal. Logo, duas pessoas podem ter o mesmo IMC e até mesmo a mesma quantidade de gordura corporal, e apresentarem risco de desenvolvimento de doenças crônicas completamente diferentes. 



Assim, parece que mais importante que o IMC, é a avaliação da quantidade e, principalmente da distribuição da gordura corporal. Esta última pode ser feita de forma muito simples, utilizando uma simples fita métrica. Mas quais os parâmetros de referência? Falaremos sobre isso no próximo post!



Até a próxima!



Profa. Fabiana Benatti - Blog Ciência inForma



www.cienciainforma.com.br







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Prof. Dr. da Universidade de São Paulo