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2017-03-13

Exercícios

Esporte não é “saúde”...mas será que é “doença”?

Sabemos que a prática de algumas modalidades esportivas, especialmente em alto nível, pode trazer riscos à saúde. Mas será que o esporte pode ser mais perigoso que a falta de atividade física?


Algumas modalidades esportivas trazem inegáveis riscos à saúde, por exporem seus praticantes a rotinas de treinamento e competições exagerados, estresse psicológico, alimentação restritiva ou desbalanceada e controle excessivo do peso corporal. Atletas de elite vivenciam o dia-a-dia do esporte por anos a fio, muitas vezes, desde quando crianças. É possível imaginar que o preço pago por uma rotina física e mental tão desgastante possa ser muito caro. De fato, há evidências de que ex-atletas possam sofrer de alterações morfológicas cardíacas, arritmias, fibrilação arterial, calcificação de artéria coronariana, osteoartrite, doenças neurodegenerativas (em modalidades de frequente trauma craniano, como boxe e futebol) e distúrbios alimentares. No entanto, pouco se sabe se essas desvantagens se sobrepõe aos efeitos terapêuticos da prática regular de atividade física.  

A fim de lançar luz sobre essa questão, um interessante estudo populacional investigou se ciclistas de elite (n = 786) que participaram do mundialmente conhecido Tour de France entre 1947 e 2012 tinham uma chance de mortalidade diferente da população francesa geral.

Interessantemente, os ciclistas, em média, apresentaram riscos reduzidos de mortalidade por todas as causas e por câncer, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias e doenças do aparelho digestório, quando comparados a população geral da França. A média de ganho de sobrevida dos atletas foi de 6,3 anos em comparação à população.

Evidentemente, esse estudo possui limitações, como, por exemplo, o fato de que os atletas de elite avaliados no estudo pertencem, provavelmente, aos mais altos estratos de aptidão física e saúde, caso contrário não conseguiriam competir em tão alto nível (na epidemiologia, isso é chamado de “viés de seleção”). Contudo, a mensagem do trabalho é bastante clara: os riscos da prática esportiva em alto nível não superam os inúmeros benefícios promovidos pelo exercício. Em outras palavras, o sedentarismo mata muito mais do que o esporte. As doses mais efetivas de atividade física para promoção de saúde e redução de mortalidade parecem ser as moderadas, mas isso é assunto para outro post.



Até a próxima!

Bruno Gualano - Blog Ciência InForma

www.cienciainforma.com.br



Para saber mais sobre o tema, ver:

Marijon et al. Mortality of French participants in the Tour de France (1947–2012) European Heart Journal (2013) 34, 3145–3150







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Nossos Colaboradores

Prof. Bruno Gualano, PhD
Prof. Associado da Universidade de São Paulo

Profa. Desire Coelho, PhD
Nutricionista Clínica e Esportiva

Profa. Fabiana Benatti, PhD
Professora Doutora da Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp

Prof. Guilherme Artioli, PhD
Prof. Dr. da Universidade de São Paulo

Prof. Hamilton Roschel, PhD
Prof. Dr. da Universidade de São Paulo