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2014-11-03

Exercícios

Exercício em jejum: Fazer ou não fazer, eis a questão (Parte 2)

Fazer exercício em jejum gera perda de massa muscular?? Esta é uma dúvida comum entre profissionais e praticantes de atividade física. Na parte 2 da série de posts sobre exercício em jejum, discutiremos os efeitos desta prática sobre a massa muscular.


Neste post falaremos sobre a famosa afirmação “Se eu fizer exercício em jejum, vou perder mais massa muscular?”.  Verdade  ou mito?

Verdade e mito!  Explico o porquê!

Primeiramente, devemos lembrar que durante o exercício físico, podemos oxidar carboidrato, gordura e, em (bem) menor magnitude, aminoácidos para produzir a energia necessária para contração muscular. Lembremos ainda que nós não somos capazes de produzir carboidrato a partir de gordura, mas conseguimos fazê-lo a partir de alguns aminoácidos que compõem o músculo, principalmente os chamados aminoácidos de cadeia ramificada.

É por isso que muitas pessoas entendem que se fizermos o exercício físico em jejum, teremos menos carboidrato disponível e, por isso, utilizaremos mais proteína muscular para produzir energia.

Essa afirmação é, de fato, verdade. Quando fazemos o exercício em jejum, a contribuição dos aminoácidos pode atingir até 6% (em homens e 3% em mulheres) de toda a energia produzida. Em contrapartida, se fizermos exercício físico no estado alimentado, a contribuição parece ficar próxima de zero. A exemplo disso, o estudo de  Koopman e colaboradores não mostrou aumento da oxidação de aminoácidos mesmo durante um exercício bastante exaustivo (neste caso, 5 h de ciclismo + 1 hora de corrida), caso os participantes ingerissem bebidas contendo carboidrato ou carboidrato + proteína durante o exercício.

Vamos então à uma discussão similar àquela que fizemos no post anterior sobre a oxidação de gordura durante o exercício. Apesar de oxidar mais aminoácidos durante o exercício realizado em jejum,  essa quantidade é muito, muito pequena. Ao correr 8 Km em jejum, oxidamos, em média, 7,5 g de aminoácidos. Isso representa, por exemplo, aproximadamente 0,06% de toda a massa muscular de um indivíduo de 70 Kg com 15% de gordura corporal.

Além disso, e de forma bastante importante, ao final de uma sessão de exercícios físicos, todo o maquinário para a síntese proteica permanece favorecido por várias horas, e isso inclui a síntese de proteínas contráteis (aquelas que compões nossa massa muscular)! Basta oferecermos fontes proteicas adequadas para estimular ainda mais a síntese de proteínas utilizada como fonte energética durante o exercício. Para saber mais o que seriam essas “fontes proteicas adequadas”, leiam a série de posts do Prof. Hamilton Roschel “Proteína para que te quero”, onde ele fala sobre a qualidade e a quantidade adequada da ingestão de proteínas para otimizar a síntese proteica!

Dessa forma, mesmo que nos exercitemos em jejum, a quantidade de aminoácidos utilizados como fonte energética é muito pequena e facilmente reposta pela alimentação. Logo,  podemos dizer que a máxima “Se eu fizer exercício em jejum, vou perder mais massa muscular?” é, definitivamente, um mito!

Até a próxima!

Fabiana Benatti  - Blog Ciência Informa

www.cienciainforma.com.br

Para saber mais:

Tarnopolsky M.  Protein requirements for endurance athletes. Nutrition 2004; 20 (7-8): 662-8.

Koopman R, Pannemans DL, Jeukendrup AE, Gijsen AP, Senden JM, Halliday D, Saris WH, van Loon LJ, Wagenmakers AJ. Combined ingestion of protein and carbohydrate improves protein balance during ultra-endurance exercise. Am J Physiol Endocrinol Metab 2004; 287(4):E712-20.

Gibala M. Protein Metabolism and Endurance Exercise. Sports Med 2007; 37 (4-5): 337-340.








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Profa. Desire Coelho, PhD
Nutricionista Clínica e Esportiva

Profa. Fabiana Benatti, PhD
Professora Doutora da Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp

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Prof. Dr. da Universidade de São Paulo

Prof. Hamilton Roschel, PhD
Prof. Dr. da Universidade de São Paulo